sábado, 17 de novembro de 2012


Sabes… acordei com a esperança de que fosse primavera ao ver o sol invadir os frisos entreabertos da cortina…
Afinal é Outono… O sol foi passageiro e o aroma floral que me engana todas as manhãs vem dos teus cabelos lisos que teimam em não ficar na tua almofada e ocupam o meu rosto, quase colado ao teu…
Deve ser a vingança que durante o sono preparas pela invasão dos meus braços no teu território… no teu corpo.
Afinal é Outono, quase inverno… onde os dias curtos e frios nos oferecem a preguiça de um sofá para fugir dos encontrões de guarda-chuvas com pressa de se esgueirarem debaixo dos beirais.
Os livros têm um som mais melancólico a cada folha que viramos compassados pelo crepitar da lareira e a luz parece morrer a cada pedaço de madeira que vai morrendo devagar… em Outono devagar…
Vem aí o Inverno… e os dias serão mais curtos, o sofá mais preguiçoso e o lume mais embalado… os livros sabem a castanhas e porto, a doces de natal e frio, a cahecóis de lã e gorros coloridos… a neve, a chaminés…
Mas tu.. continuas a ser a primavera que agarro à noite e não deixo fugir até o dia aparecer… em cinzento de chuva forte… ou com sol a enganar na vidraça…

quinta-feira, 11 de outubro de 2012





Como podes ser a minha metade
Se sem ti não sou parte… sou nada?
Se quando foges em debandada,
Não consigo dividir em dois a saudade…
Como podes ser o meu reflexo
Se não te encontro quando olho a água?
Vejo-me só e a companhia é a mágoa
Deste viver em dois tão complexo.
Não sejas a silaba do meu verso
Nem o ponto final da minha oração
Não sejas o meu sangue…sê coração.
Não te quero estrela, quero-te universo

Porque ninguém pode ser metade...
quando amas na totalidade.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Levas o tempo

Levas o tempo em cada lembrança que parte
Em cada gesto de fuga e bailado de adeus
Abraças um beijo, dos meus lábios que são teus...
Levas o meu  segredo maior que foi amar-te

Encerras em ti a candura de inocente atrevida
E do nada segues caminho sem dizer onde vais
Deixas-me ancorado e preso no teu cais
Sem saber se voltas para esta historia, para a minha vida.

Levas o tempo que levou o que foi meu
O tempo que roubei para te oferecer em partes iguais...
Não viste os meus gestos e todos os sinais
E agora declaras solenemente que o tempo morreu...

vai então... parte agora sem esperança de voltar
Vou apanhar os meus pedaços e guarda-los junto a mim
Escondê-los na cave do sentimento e tentar não chorar....
fechar o livro que tem escrito no inicio... a palavra FIM.


"ANDA COMIGO VER OS AVIÕES"...... Pedras Rubras.... um fim de tarde

Nápoles






terça-feira, 31 de julho de 2012

O Tempo pára

.
Por vezes o tempo parece parar...
Por vezes, apenas...

 Ilusão ténue de mandar no passado, manipular o presente e prever o futuro...
Por vezes, apenas...
 O tempo não pára.... paramos nós! Sem dar conta que ele continuou... Mas também ele não dá conta que lhe roubamos um tempo para guardar... só nosso... sem tempo qualquer.

Pilar escarpado



Por onde vais?
Em quem pensas?
Para onde olhas quando atravessas o cais?...
Onde desaguam as tuas lembranças?
Onde escondes a tuas esperanças?
Como respiras?
Ao compasso de cada passo?
Ou ao ritmo de quem recordas... por quem suspiras?
Onde vais tu tempo que passaste a correr,
Não dei conta nem demora,
Vi-te passar pela ponte de ferro
Que une o antes e o agora
Senti-te por entre os dedos a escorrer....
Por onde vais? Em quem pensas? Para onde olhas?


O meu Super Herói




Quando eu era petiz o meu mundo de fantasia tinha bem arrumado os heróis e os vilões.
Os heróis, os super, cheios de poderes, com capa e um simbolo fantástico no peito. O Flash, ou o Thor, o Hulk e o Capitão America.
Depois havia os heróis extraordinários, o Sandokan e o Tarzan, o John Wayne e o Robin Hood ou o Trinitá, aqueles seres extraordinários que só um gesto derrotavam os inimigos e ficavam sempre no fim com a mulher bonita ao som de uma música épica e um por do sol.
E depois havia o meu pai. Tinha a certeza que o meu pai era o herói dos heróis. O meu pai era o melhor de todos. Era melhor que os pais dos meus vizinhos, dos meus amigos, mesmo dos convencidos que insistiam na convicção de que o deles é que era o maior.
Tinha a certeza que o meu pai era o Herói, que não entrava em filmes mas que tinha todos os poderes imagináveis. Tinha a certeza que lá escondido no guarda-fatos estava o fato com um símbolo fantástico que ele vestia às escondidas antes de sair para salvar o mundo dando a desculpa de que ia trabalhar.
Nunca vi o fato, nem descobri o lado “Marvel” do meu pai, mas tenho a certeza de que a minha busca não foi em vão e de que as minhas certezas absolutas e sintéticas da heroicidade do meu pai estavam correctas. Porque o meu pai nunca terminou os filmes abraçado a modelos de cinema nem com musicas épicas em por do sol… mas esteve sempre lá para salvar o meu mundo quando eu precisei.
Nunca precisou sequer de usar a capa e os poderes mais extraordinários para resolver os meus complexos dilemas contra todos os meus azares ou “inimigos”.
Tenho a certeza que ainda hoje o meu pai, nos seus cabelos brancos e no seu jeito carinhoso, é um herói… o meu herói… o melhor de todos… o SUPER HEROI.
Parabéns pai…. 

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Fecha os olhos amor
Encerra em ti esse silencio azul
Que teimosamente nos deixa ensurdecidos...
Fecha os olhos amor...
Deixa apenas um sorriso à janela da tua alma
A espreitar quem passa e tropeça na calçada
Fecha os teus olhos amor
Não vá a luz incomodar a menina que tens dentro
E que joga às escondidas com o coração.

segunda-feira, 16 de abril de 2012


Apetecia-me ter-te.
 Beijar-te, morder-te. 
Apetecia-me provar-te, provocar-te, apetecia-me excitar-te, possuir-te. 
Apetecia-me sentir-te, apertar-te, desenhar-te com os labios e os dedos.
Decorar de olhos fechados os teus seios, o teu sexo. 
Apetecia-me segredar-te ao ouvido todos os verbos que sinto, mesmo aqueles que se nao traduzem do rude e desesperado respirar de quem está a fervilhar em prazer continuo. 
Apetecia-me arrepiar-te, arrepiar-me, beber o teu sabor e entregar-te tudo o que tenho e me consome. 
Esta vontade louca de te ter, de ser, de tremer, de te ouvir gemer, suspirar e transpirar cada toque epidermico da minha presenca. 
Apetecia-me sexo louco sem parar, apetecia-me um beijo louco, uma carícia sem tem fim... 
Apetecia-me ver-te ao pe de mim...

quarta-feira, 14 de março de 2012


Hoje acordei assim... Só, mas contigo.
Enrolado na solidão estranha de quem está acompanhado por um desejo...
Como sentir a tua respiração na minha pele, 
E o teu murmurar ao meu ouvido...
Ter a tentação de abrir os olhos com a certeza de que te vou encontrar...
À distancia curta de um abraço que afaga o teu corpo e o traz de volta ao meu.
Hoje acordei assim... Só, mas contigo.
Contigo naquele peso leve e doce que senti sobre o peito, 
Como se a tua cabeça estivesse reclinada em mim, 
A revelar os teu sonhos e sobressaltos...
Hoje acordei só... Mas contigo...
No quente odor da preguiça de deixar para trás esta ilusão.
Nesta vontade de te dizer que te amo  
sem ser necessário olhar-te e ver-te ali... A olhar para mim, com um sorriso ensonado nos lábios.
Hoje acordei só... Mas sei que estavas lá....
Na leveza com que me ergui,
no quente da agua do banho e no suspiro que soltei quando olhei o espelho embaciado e te vi... 
Em mim acordado.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Este sou eu

Este é o meu corpo e aminha alma…
O verbo imperfeito do teu desejo,
A tua vontade, o meu ensejo,
O vendaval que nos acalma…
Este sou eu, nu, sem nada…
Despido do supérfluo que não sinto,
Órfão do teu corpo, do teu amor… não minto
Dos teus lábios carmim de boca adornada…
Este sou eu, simplesmente teu…
À espera que venhas e me abraces,
Me deixes rendido, me amordaces…
Neste sentir que a esperança…
Aquela velha lembrança,
Em ti… nunca morreu.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Manta de retalhos


Passas os dias a bordar sorrisos
A pontear as saudades
A remendar felicidades
E a bordar sonhos perdidos.
Passas o tempo a cantar o passado
A Rezar por um futuro
A lamentar um presente que tem sido duro
Onde tudo foge e te passa ao lado
Passas as noites pensar
Como será o dia que vem depois
Um dia vivido a dois
Um presente que nunca vai acabar
Guardas depois a manta de retalhos acabados
De sorrisos bordados e felicidades remendadas
Servir-te-á de aconchego nas noites geladas
Quando partilharmos a noite abraçados.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Carta


Amor…
(Deixo em branco três linhas no inicio ao começar…)
Não o faço por cortesia ou por beleza
Apenas porque tenho a absoluta certeza
 Que me faltam as palavras para iniciar.
Amor…
(Como gosto quanto te perdes em sorriso)
Seria o silêncio que encontrarias no meu rosto
Como um desmaio de verão em hora de sol-posto,
Se me olhasses e visses o abraço que eu preciso
Amor…
(Deixo em branco três espaços espaçados) …
Não tenho verbos para descrever o agora sinto
A saudade que estas horas arrastam em labirinto
Carregada em letras em vocábulos apertados.
Amor…
(Deixo em branco três linha já no fim…)
Não tenho jeito nem coragem nas despedidas
Não sou capaz de selar a carta com promessas desmedidas
De amor profundo e tão eterno assim…
Termino antes pelo início que não soube começar.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Gostaria de poder amar-te

Gostaria de poder amar-te...
Talvez o faça em cerrado segredo
Entre apaixonada euforia e o medo
Gostaria de poder abraçar-te.

Gostaria de poder ver-te...
Talvez até o faça às escondidas
Por entre estas palavras perdidas...
Gostaria tanto poder dizer-te...

Gostaria de poder falar-te
Talvez o faça mesmo estando calado
Quando sem dares conta passas ao lado...
Gostaria tanto poder amar-te.

Espaço entre nós

Só um beijo assim
Pode encurtar a distância entre o nosso olhar.
O silêncio que há em mim
Que vive preso na ganância de te querer beijar…
Só um abraço apertado
Acaba com este espaço que nos está a separar.
Só o meu corpo no teu, tatuado
Engana esta saudade, este desejo superlativo de amar.
Depois vens,
Inocente tentadora,
Revelas tudo o que tens…
E dizes… Ama-me… agora.

É preciso

É preciso partir
Para voltar a chegar…
É preciso perder
Para voltar a encontrar…
É preciso o silêncio
Para voltar a gritar…
É preciso o eco
Para conseguir escutar…
É preciso respirar fundo
Para conseguir saltar…
E mão amiga, uma força
Para conseguir recomeçar…
Porque às vezes
É preciso cair
Para conseguir levantar…

Os dias

Os dias contam-se de trás para a frente
Ou da frente para trás.
Seguidos ou corridos somente,
Curtos e estendidos
Vazios, cheios, memoráveis ou perdidos…
Os dias contam-se….. como? Tanto faz!
Os dias têm cor, têm saudade e amor
São azul infinito, são da cor de um sorriso,
 e do escuro de um grito.
O dia é arco-íris lilás… tanto faz.
Os dias passam devagar ou a correr
Passam a sorrir e a sofrer,
Sem ordem ou abecedário,
Os dias passam sem dar-mos conta
Que já fazem parte do passado
Que foram curto futuro,
Presente prematuro,
São música sem fado …
Os dias cantam-se em surdina
Os dias choram-se em segredo
Os dias perdem-se na esquina
Surpreendem e metem medo…
Os dias contam-se de trás para a frente e da frente para trás…
Os dias não importam… o tempo… tanto faz
Há quanto tempo não faço eu parte dos teus dias
Daqueles dias que ficaram lá para trás…

1 ano