Dizem que o tempo ameniza a dor, a ausência, a revolta... a saudade... Não.
Não só não ameniza como ainda é mais cruel... tenta ensinar-nos à força continuar a viver com essa ausência e essa saudade , tentando apaziguar a revolta pelo pietismo e resignação do “já nada há a fazer senão conformarmo-nos com esta situação infeliz”.
Dirão que apenas um mês é pouco.... Será sempre pouco para tanto que se ama.
Nunca o tempo será capaz de serenar a falta do cheiro, do toque, do sorriso em surdina, do olhar de ternura que encerrava no silêncio todo o verbo AMAR... do abraço e do carinho.
Sabem aquele cheiro do mimo de mãe, do regaço onde se recosta a cabeça em tardes de sol a ouvir histórias ou canções em encantar?
Sabem aquele toque da mão que nos ajeita o cabelo ou nos estica os lençóis ao deitar selando o mundo perfeito com um beijo de boa noite?
Sabem aquele brilho no olhar humedecido de felicidade quando, sem nada dizer, vos segredam que ttemos ali o maior amor do mundo?
O tempo não ajuda a aceitar a ausência e nunca consegue compensar o vazio.
Já passou quase um mês... e não há um segundo em que eu não espere involuntariamente ouvir, a qualquer momento, aquela voz a dizer: “Oh filho...” Oh Marco"
O tempo dar-me-á muitas vezes o “Marco”, o “Kito”, muitos abraços e sorrisos, que por mais ternurentos e saborosos sejam nunca terão o mesmo som, o mesmo sabor e o mesmo calor... aquele calor de minha mãe.
A voz.... a simples voz....a simples tonalidade e cor da voz deixou de se ouvir.... e até isso o tempo teima em fazer desaparecer da memória.
Imaginam a escala musical sem uma nota só? fazer todas as musicas mas faltar sempre aquela nota?....
O tempo tenta que o corpo e a mente se habitue a viver com uma amputação sentimental sem compreender que o cordão umbilical quando se corta no momento da nascença deveria ser o único acto de separação legitimo (mesmo assim doloroso).
A saudade (essa tão exclusiva palavra que embeleza o fado do português) só é bonita no papel e nos poemas.... Esse trágico sentimento de que sofrem os apaixonados poetas e os “amputados” sentimentais só parece mágica para quem a lê...
porque para quem a sente tem um sabor amargo e terrivelmente áspero.
O tempo não sabe quanto doi... o Tempo passa... sim, ele passa... nós ficamos agarradosàs raízes e aos vazios.
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