Quando eu era petiz o meu mundo de fantasia tinha bem
arrumado os heróis e os vilões.
Os heróis, os super, cheios de poderes, com capa e um
simbolo fantástico no peito. O Flash, ou o Thor, o Hulk e o Capitão America.
Depois havia os heróis extraordinários, o Sandokan e o
Tarzan, o John Wayne e o Robin Hood ou o Trinitá, aqueles seres extraordinários
que só um gesto derrotavam os inimigos e ficavam sempre no fim com a mulher
bonita ao som de uma música épica e um por do sol.
E depois havia o meu pai. Tinha a certeza que o meu pai era
o herói dos heróis. O meu pai era o melhor de todos. Era melhor que os pais dos
meus vizinhos, dos meus amigos, mesmo dos convencidos que insistiam na convicção
de que o deles é que era o maior.
Tinha a certeza que o meu pai era o Herói, que não entrava
em filmes mas que tinha todos os poderes imagináveis. Tinha a certeza que lá
escondido no guarda-fatos estava o fato com um símbolo fantástico que ele
vestia às escondidas antes de sair para salvar o mundo dando a desculpa de que
ia trabalhar.
Nunca vi o fato, nem descobri o lado “Marvel” do meu pai,
mas tenho a certeza de que a minha busca não foi em vão e de que as minhas
certezas absolutas e sintéticas da heroicidade do meu pai estavam correctas.
Porque o meu pai nunca terminou os filmes abraçado a modelos de cinema nem com
musicas épicas em por do sol… mas esteve sempre lá para salvar o meu mundo
quando eu precisei.
Nunca precisou sequer de usar a capa e os poderes mais
extraordinários para resolver os meus complexos dilemas contra todos os meus
azares ou “inimigos”.
Tenho a certeza que ainda hoje o meu pai, nos seus cabelos
brancos e no seu jeito carinhoso, é um herói… o meu herói… o melhor de todos… o
SUPER HEROI.
Parabéns pai….